Sim, triste, é muito triste!
Ver o homem tão atribulado,
Caminhando sem olhar para o lado,
Como se Deus não existisse.
Julgando-se livre, segue escravo
Governado por seus sentimentos
Confundido em seus pensamentos
Vive sob a lei do pecado.
A felicidade sempre lhe escapa,
Um vazio lhe consome à prazo.
Faz de tudo para riscar do mapa
O que insiste em chamar de acaso.
Chora aturdido e desesperado
Vivendo distante do Bom Pastor,
Mas o que diz tal cabrito desgarrado
Perdido no pasto seco da dor?
“Não se faz necessária a cura,
Remédio é coisa de gente doente,
Eu mesmo selarei a rotura,
Pois sou médico e não paciente!”
Mas e se não precisa de cura,
Muito menos de um Salvador,
Por que continua à procura
De algo libertador?
Sim, é triste, muito triste
Ver pessoas dando golpes ao vento,
Olhar raivoso e punhos em riste,
Culpando a Deus por seus sofrimentos.
Seus lamentos são cheios de orgulho,
E mesmo em prantos recusam o lenço,
Arrebentados não se ouve o barulho
De nenhum contentamento.
Oh, mundo de tez serena e maciça,
De cuja beleza pelas mãos evapora,
Tuas trilhas são de areia movediça
Para quem o mapa ignora!
Sorris com dentes afiados,
Fumaça, vento e vapor destilas,
Enquanto buscam em ti aliados,
O Senhor de tudo, tudo aniquila.
Chegará o Rei, alma venturosa,
Com seu amor a tristeza dissipando,
O cabrito encontrará grama viçosa,
E o aflito não permanecerá chorando.
O abafamento perderá seu sentido,
Desmedido não valerá um centavo,
A sua voz encontrará o perdido,
Dando liberdade a quem foi escravo.
Pelos cravos, os cravos nas mãos,
Precioso sangue carmesim derramado,
Os inimigos são refeitos em irmãos,
Quando o orgulho pela fé for quebrado.
Sim existe, existe e resplandece,
Uma esperança segura e serena,
Uma amor que nunca condena.
Uma paz que jamais desaparece
Aos perdidos, “vinde a mim!”, diz Jesus
Para aqueles que se veem doentes,
Salvação aos que vivem descontentes,
Aos em trevas: Post tenebras lux!
Bruno Souza
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